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CONTRA ZOOLÓGICOS

1. ZOOLÓGICOS E SUA HISTORIA






Podemos começar com uma simples definição de zoológicos: eles

são parques públicos onde são mostrados animais para o propósito de

recreação e educação. Contudo antigamente eram mantidas grandes

coleções de animais, não eram zoológicos neste sentido. Tipicamente

estas antigas coleções não eram exibidas em parques públicos, ou

mantidas para outros propósitos diferentes de recreação ou educação.


Os Romanos, por exemplo, mantinham animais como isca viva

para os jogos. Seu entusiasmo para os jogos era tanto que até os primeiros

tigres levados a Roma, presente para Augustos César de um governante

indiano, iriam para arena. O imperador Trajan durou 123 dias

consecutivos de jogos para celebrar a conquista de Dácia. Durante os

jogos, onze mil animais foram sacrificados, incluindo, leões, tigres,

elefantes, rinocerontes, hipopótamos, girafas, búfalos, renas, crocodilos

e serpentes. Os jogos eram populares em todas as partes do Império.

Quase todas as cidades tinham uma arena e coleções de animais para

colocar nela. Na França do século V, havia vinte e seis arenas que

continuaram a triunfar até o final do século VIII.


Na antiguidade, os governantes mantinham grandes coleções de

animais para mostrar seu poder, o qual eles demonstrariam em ocasiões

em que destruiriam a coleção inteira. Isso aconteceu até 1719, quando

Elector Augustos II de Desdren abateu pessoalmente toda sua coleção

de animais selvagens, que incluía tigres, leões, búfalos e ursos.


Os primeiros zoológicos modernos foram fundados em Viena,

Madri e Paris no século XVIII e em Londres e Berlim no século XIX. O

primeiro zoológico americano foi aberto na Filadélfia e Cincinati nos

anos de 1870. Hoje somente nos Estados Unidos há centenas de

zoológicos, e eles são visitados por milhões de pessoas todos os anos.


Os jogos romanos não existem mais, porém touradas e rodeios

seguem a tradição. Nos dias de hoje, o poder de nossos líderes é

amplamente demonstrado pelo seu comando em armas nucleares.

Mesmo assim ainda temos zoológicos. Por quê?


2. ANIMAIS E LIBERDADE

Antes de considerarmos as razões pela sobrevivência dos zoológicos,

deveríamos ver que há pressuposições morais contra manter animais

selvagens em cativeiro. O que isto envolve, afinal, é retirar animais de

seu habitat natural, transportá-los por grandes distâncias e mantê-los

em ambientes estranhos nos quais sua liberdade é severamente restrita.

É verdade que sendo retirados da selva e confinados em zoológicos, os

animais são privados de muitos bens. Na maior parte, eles são privados

de conseguir sua própria comida, desenvolver sua própria ordem social

e geralmente se comportar de maneira que são naturais a eles. Essas

atividades requerem significativamente mais liberdade do que muitos

animais têm em um zoológico. Se tivermos justificativa em manter

animais em zoológicos, deve ser por algum benefício importante só pode

ser obtido desta maneira.





Essa conclusão não é propriamente de alguma teoria moral

particular, ela segue de muitas teorias morais razoáveis. Temos deveres

com os animais ou não. Se tivermos deveres com os animais, certamente

isso inclui respeitar aqueles interesses que são mais importantes para

eles, contanto que não confronte com outros deveres mais rigorosos que

possamos ter. Desde que um interesse em não ser retirado de seu habitat

natural e ser mantido é muito importante para a maioria dos animais,

deveríamos respeitar este interesse.


Supondo, por outro lado, que tivéssemos deveres com os animais.

Há duas possibilidades: tanto temos deveres com pessoas que, às vezes,

se importam com animais, ou que fazemos com os animais, o fazemos

sem nenhuma importância. A última visão é um tanto falsa, e eu posso

não considerar mais adiante. Pessoas, que têm tido a antiga visão, que

temos deveres com as pessoas que se importam com animais, têm às

vezes que tais deveres emergem porque podemos “julgue um homem

pelo seu trato com os animais”, com Kant cita em “Deveres com Animais”.


É por esta razão que ele condena o homem que atira em cão fiel que se

tornou muito velho para servir. Se aceitarmos a premissa de Kant, é

certo dizer que alguém que, sem uma boa razão, remove um animal

selvagem de seu habitat natural e nega a ele liberdade, pode ser julgado

alguém em que não se pode acreditar. Se assim, ainda não acreditarmos

ter deveres com os animais, mas somente deveres que se importam com

eles, podemos ainda assegurar que há uma presunção contra manter

animais no cativeiro. Se esta presunção for superada, deve mostrar que

há benefícios importantes que podem ser obtidos somente mantendo

animais em zoológicos.


3. ARGUMENTOS PARA ZOOLÓGICOS

Quais podem ser alguns destes benefícios importantes? Quatro

são comumente citados: diversão, educação, oportunidade para pesquisa

cientifica e ajuda em preservar espécies.


Diversão foi certamente uma razão importante para o aparecimento

dos primeiros zoológicos e lembra uma importante função dos zoológicos

contemporâneos. Muitas pessoas visitam zoológicos para se entreter e

qualquer zoológico que quiser manter-se financeiramente, deve se

apropriar a este desejo. Até os zoológicos mais visados, como o de San

Diego, tem seus ursos dançarinos e pássaros treinados. Mas mesmo

garantindo divertimento para as pessoas, que é visto pelo publico geral,

como uma função muito importante no zoológico, ainda assim é difícil

de ver uma justificativa em manter animais selvagens em cativeiro.


Muitos curadores e administradores rejeitam a idéia de que o

propósito primeiro de um zoológico é divertir. De fato, muitos concordem

que o prazer que temos em ver animais selvagens não é em si uma razão

boa o suficiente para mantê-los enjaulados. Alguns curadores vêem as

caminhadas dos bebês elefantes, por exemplo, como uma necessidade

ruim, ou defendem tais diversões pelo seu papel na educação das

pessoas, especialmente crianças. É dito, às vezes, que pessoas devem ter

o interesse que elas têm nas coisas se eles forem educados para isto e

divertimento mantém as pessoas interessadas, portanto faz com que a

educação seja possível.


Isto nos leva a segunda razão em terem zoológicos: seu papel na

educação. Esta razão é citada desde que os zoológicos existem. Em

1989, por exemplo, a sociedade de Nova York resolveu tomar medidas

para informar ao público sobre o grande declínio na vida anima, para

estimular o sentimento em favor de uma melhor proteção e para,

cooperados com outros corpos científicos, assegurar preservação

perpétua dos maiores vertebrados. Mesmo com apelos morais geralmente

usados sobre o esforço educacional dos zoológicos, contudo, há poucas

evidências que zoológicos têm sucesso em educar pessoas sobre os

animais. No artigo de Stephen Kellert, intitulado “Parques Zoológicos

na Sociedade Americana”, entregue no encontro anual da Associação

Americana de Parques Zoológicos e Aquários em 1979, indica que as

pessoas que freqüentam zoológicos sabem muito menos sobre animais

do que estudantes, caçadores, pescadores e outros que mostram interesse

em animais. Ainda mais perturbadores, os freqüentadores de zoológicos

expressam o comum preconceito com animais: 73% dizem que não gosta

de cobras cascavel, 52% de abutres e somente 4% de elefantes. A razão

pela qual alguns zoológicos não fizeram um trabalho melhor ao educar

pessoas é que eles não fazem esforço real pela educação. No caso de

outros o problema é um publico apático e desinteressado.

O estudo de Edward G. Ludwig no de 1981 em Buffalo, Nova

York, no “International Journal for the Study of Animal Problems”,

revelou um número surpreendente de insatisfação da quase completa

indiferença do publico frente ao esforço educativo do zoológico. Ludwig

indicou que a maioria dos animais era vistos rapidamente enquanto as

pessoas passavam rapidamente pelas jaulas. O freqüentador de

zoológicos típico para somente apreciar os filhotes, ou aqueles que estão

implorando, comendo ou fazendo sons. Ludwig relatou que as expressões

mais comuns para descrever os animais são: “fofinho”, “ engraçado”,

“preguiçoso”, “sujo”, “esquisito” e “estranho”.


É inegável que alguma educação acontece em alguns zoológicos.

Mas este fato levanta outro assunto. O que queremos que as pessoas

aprendam visitando zoológicos? Atitudes a respeito da sobrevivência

das espécies em perigo? Compaixão pelo destino dos animais? A que

nível a educação requer manter animais selvagens em cativeiro? Muitos

benefícios educacionais dos zoológicos não poderiam ser obtidos através

de filmes, palestras, e assim por diante? De fato, não poderiam muitos

dos objetivos educacionais mais importantes ser alcançados ao exibir

jaulas vazias com a explicação de por que elas estariam assim?


Uma terceira razão em ter zoológicos é que eles apóiam pesquisas.

Este também é um beneficio que foi apontado há muito tempo. Sir

Humpherey Davy, um dos fundadores da sociedade Zoológica de

Londres, escreveu em 1825: a Britânia ofereceria outra e diferente série

de exibições para a população de sua metrópole; especificamente,

animais trazidos de todas as partes da terra para serem mostrados mesmo

com algum propósito útil ou como objetos de pesquisa cientificam –

não somente por admiração! Zoológicos apóiam pesquisas cientificas

de pelo menos três maneiras: eles financiam pesquisas de campo para

cientistas não filiados a zoológico: eles empregam outros cientistas como

membros da equipe de zoológico; e eles fazem com que animais

inacessíveis estejam disponíveis para estudo.


O primeiro ponto que deveríamos notar é que muitos poucos

zoológicos apóiam pesquisas cientificas reais. Ainda menos tem equipe

de cientistas com tempo integral para pesquisa. Entre aqueles que têm,

é comum os cientistas estudarem animais na selva mais do que em coleções zoológicos.


Muitas destas pesquisas, assim como os outros

campos de pesquisas que são apoiados por zoológicos, poderiam somente

ser fundadas de maneira diferente – por um órgão governamental.

A questão se deveria haver zoológicos não vira para a fundação ou

campos de pesquisa no qual zoológico geralmente apóiam. A importância

da pesquisa que é realmente conduzida em zoológicos é uma

consideração significativa.


Pesquisas feitas em zoológicos podem se dividir em pesquisa

comportamental, anatômica e patológica.

Estudos comportamentais conduzidos em zoológicos podem ser

muito controversos. Alguns argumentaram que não se pode aprender

estudando animais em condições artificiais como no zoológico. Outras

argumentarem que animais no cativeiro são mais interessantes de serem

estudados do que animais selvagens, desde que animais no cativeiro

estão livres de predadores eles exibem um maior nível de particularidades

físicas e comportamentais do que animais na selva, portanto permitindo

que os pesquisadores vejam todo do nível de possibilidades genéticas.

Ambas as posições estão extremamente corretas. Condições em alguns

zoológicos são suficientemente naturais para possibilitar algumas

pesquisas interessantes. Mas a afirmação de que animais em cativeiros

são mais interessantes de serem pesquisados do que os animais na selva,

não é muito plausível. O meio afeta o comportamento. Não há duvidas

de que a depredação do meio ambiente desencadeia comportamentos

diferentes comparado com meio natural do animal, mas não há razão

para acreditar que mais dados mais completos e corretos podem ser

obtidos em ambientes livres de depredação do que habitat natural.


Estudos sobre anatomia e patologia são as formas mais comuns de

pesquisa nos zoológicos. Tais pesquisas têm três propósitos principais:

melhorar as condições do zoológico para que os animais vivam mais

tempo, sejam mais felizes e procriem mais freqüentemente; para

contribuir à saúde humana melhorando os modelos de animais para

alimento dos humanos; e para aumentar nosso conhecimento sobre

animais selvagens de nosso interesse.


O primeiro desses objetivos é certamente louvável se concedermos

que os zoológicos devessem estar em primeiro lugar. Mas o fato é que

pesquisas em zoológicos que contribuam para melhorar suas condições

não é uma razão para haver zoológico. Se não houvesse zoológicos,

não haveria necessidade de melhorá-los.


O segundo objetivo, para contribuir com a saúde humana provendo

modelos de animais para alimentação, parece justificar zoológicos, mas

na pratica, esta consideração não é tão importante assim. Em um artigo

intitulado “ Uma pesquisa para Modelos de Animais Zoológicos”,

publicada na ILAR News em 1982, Richard Montali e Mitchell Bush

chegaram a seguinte conclusão:


Apesar do grande potencial de um zoológico como

fonte para modelos, há muitas limitações e por

necessidade algumas restrições para o uso. Há pouca

oportunidade para conduzir um procedimento de

pesquisa manipulativos ou invasivos, provavelmente

menos do que seriam permitidos em uma pesquisa

clinica envolvendo seres humanos. Muitas dessas

espécies são difíceis para trabalhar ou são difíceis

de se reproduzirem, então o numero de animais

disponíveis para o estudo é limitado. De fato é

seguro dizer que através dos últimos anos, o humano

tem “animais modelos” para as espécies de zoológico

do que é verdadeiro dizer em uma reserva.


Por esta razão ou por outras, muito do que tem sido feito ao usar

animais de zoológico como modelos para humanos parecem redundante

ou trivial. Por exemplo, o artigo citado acima relata que os zoológicos

fornecem bons modelos para serem estudados para medicamentos

humanos, desde que isto é comum para animais de zoológico desenvolver

veneno de tinta mascável e inalável que poluem o ar da cidade. Há

muitos humanos disponíveis para o estudo que sofrem envenenamento

induzidos pelas mesmas razões. Zoológicos tornam disponíveis algumas

matérias não humanas adicionais para este tipo de pesquisa que não é

importante e muito deplorável.


Finalmente, há o objetivo em obter conhecimento sobre animais

de seu próprio interesse. Conhecimento é certamente algo que é bom e

tudo sendo igual, deveríamos encorajar pessoas a pesquisarem por

seus próprios interesses, mas nem tudo é igual neste caso. Há uma

pressuposição moral contra manter animais em cativeiro. Essa

pressuposição pode ser superada somente ao demonstrar que benefícios

importantes que devem ser obtidos desta maneira, se eles devem ser

realmente obtidos. É claro que isto não é o caso de conhecer por seu

próprio interesse. Há outros canais para nossa curiosidade intelectual,

que não custam tal preço moral. Contudo, nossa questão de

conhecimento para nos mesmos, é importante, mas não é importante o

suficiente para superar a pressuposição moral contra manter animais

em cativeiro.


Ao acessar a significância de pesquisa como uma razão em ter

zoológicos, é importante lembrar que muitos poucos zoológicos fazem

pesquisas significativas. Quaisquer benefícios que resultem de pesquisas

de zoológico poderiam somente ser obtidas tendo somente alguns poucos

zoológicos ao invés de milhares deles que existem agora. Quanto mais

este argumento poderia estabelecer que estamos justificando em ter

poucos bons zoológicos. Isto não fornece uma defesa da vasta maioria

de zoológicos que existem agora.


A quarta razão para haverem zoológicos é que eles preservam

espécies que estariam extintas. Como a destruição do habitat acelera e

como os programas de reprodução tornam-se bem sucedidos, esta razão

para zoológicos ganha polaridade. Há alguma razão para questionar o

compromisso na preservação dos zoológicos: pode ser argumentado que

eles continuam a tirar mais animais da vida selvagem do que devolvem.

Ainda, os programas de reprodução dos zoológicos têm sido alguns

notáveis sucessos: sem eles o veado Pere David, o cavalo selvagem da

Mongólia e o bisão europeu estariam todos extintos agora. Recentemente,

no entanto alguns problemas começam a ser notado.


Em um estado de Katherina Ralls em 1979, Kristin Brugger e

Jonathan Ballou, que foi relatada na Science, convincentemente

argumenta que a falta de diversidade genética entre os animais em

cativeiro é um problema sério para os programas de reprodução nos

zoológicos. Em algumas espécies o nível de mortalidade de filhotes entre

animais consangüíneos é seis ou sete vezes do que entre os animais não

consangüíneos. Em outras espécies o nível de mortalidade de filhotes

consangüíneos é de 100%. O que é mais perturbador é que os curadores de

zoológicos não tem sido avisados sobre os problemas causados pela

não procriação porque a procriação inadequada e os relatórios de saúde

não têm sido mantidos. É difícil acreditar que os zoológicos são sérios

em seu papel de preservação das espécies em perigo quanto com

freqüência eles não seguem sequer esses mínimos passos.


Além destes problemas a falta de diversidade genética entre os

animais no cativeiro também significa que os membros das espécies em

perigo que sobrevivem têm características muito diferentes comparadas

a seu equivalente na vida selvagem. Isto deveria nos fazer pensar em o

que está realmente sendo preservado nos zoológicos. Os cavalos selvagens

da Mongólia são realmente cavalos selvagens Mongólia?


Há outro problema com o programa de reprodução dos zoológicos:

eles criam muitos animais que não se quer. Em algumas espécies (leões,

tigres e zebras, por exemplo) poucos machos podem servir um bando

inteiro. Machos extras não são necessários para programa e são um

gasto a mais. Alguns destes animais são vendidos e largados nas mãos

de indivíduos e instituições com falta de recursos apropriados. Outros

são mortos por caçadores de Great White em campos privados de caça.

Para evitar estes problemas, alguns zoológicos têm considerado a

proposta de “reciclar” animais em excesso: um eufemismo em matá-los

e alimentar os outros animais com sua carne. Muitas pessoas se

surpreendem quando ouvem que zoológicos matam animais. Zoológicos

tem capacidade limitada e querem manter uma coleção diversificada.


Isto pode ser feito somente com administração cuidadosa do “stoque”.

Até os programas de procriação transcorreram da melhor maneira

possível, há limites para o que pode ser feito para salvar espécies em

perigo. Dentre muitos mamíferos maiores, uma manada de pelo menos

animais, metade deles nascidos em cativeiro, é exigido que eles sobrevivam

em zoológicos. Somente oito espécies de mamíferos satisfizeram esta

condição em 1971. Paul e Anne Ehrlich no livro Estinction, estimam

que sob as melhores condições possíveis os zoológicos americanos

poderiam preservar somente cerca de cem espécies de mamíferos e

somente a um custo muito alto: manter uma manada de reprocriação de

herbívoros custa $ 75,00 e $250 por ano.


Há mais algumas questões que podem ser feitas sobre a preservação

de espécies em perigo nos zoológicos. É realmente melhor confinar um

infeliz gorila da montanha em um zoológico do que permitir que a

espécie seja extinta? Para muitos ambientalistas a resposta é obvia: a

espécie dever ser preservada a qualquer custo. Mas isto vem a sacrificar

o gorila menos importante pelo gorila mais importante. Fazendo isto,

não estaremos usando os animais como meros vínculos por seus genes?

Não estaremos preservando material genético ao custo dos próprios

animais? Se for verdade que estamos inevitavelmente movendo a favor

de um mundo em que os gorilas da montanha possam sobreviver somente

em zoológico, então devemos nos perguntar se é melhor para eles viverem

em ambientes artificiais ou não.


Mesmo se todas estas dificuldades forem negligenciadas, a

importância de preservar espécies em perigo não prevê muito apoio

para o sistema e existência dos zoológicos. A maioria dos zoológicos

tem pouca reprodução ou os programas de reprodução são dirigidos

somente com vantagens especiais que tenham sido estabelecidas para

tal propósito. (Por exemplo, o zoológico do Bronk opera seu Centro de

Sobrevivência de Animais Raros na Ilha de Santa Catherine longe da

costa da Geórgia, e o Zoológico Nacional dirige seu Centro de

Conservação e Pesquisa no Vale de Shenandoah na Virginia.) Se nossa

preocupação principal é fazer o que podemos para preservar espécies

em perigo, deveríamos sustentar tais centros de procriação em alta escala

mais do que zoológicos convencionais, muitos destes não tem nem equipe

nem vantagens para dirigir programas de reprodução de sucesso.

As quatro razões para ter zoológicos que examinei têm algum peso.


Mas razões diferentes dão suporte para tipos diferentes de zoológicos.

Preservação e pesquisa talvez são mais bem feitas em reservas de grande

escala, mas isto dás poucas oportunidades para diversão e educação.

Diversão e educação talvez sejam melhores supridas em zoológicos

urbanos, mas eles oferecem poucas oportunidades para pesquisa e

preservação. Além disso, quaisquer benefícios obtidos de qualquer tipo

zoológico devem confrontar a pressuposição moral contra manter

animais selvagens em cativeiro. Para que lado pende a balança? Há duas

considerações adiante que a meu ver, pendem a balança contra os

zoológicos.


Primeiro, cativeiro não somente nega a liberdade mas também é

frequentemente prejudicial para ele em outros aspectos. A história dos

chimpanzés entra em um zoológico foi por volta de 1640, quando o

príncipe holandês Henry de Nassau, obteve uma grande coleção de

animais para seu castelo. Os chimpanzés não duram muito. Em 1835,

o zoológico de Londres conseguiu o primeiro chimpanzé; ele morreu

imediatamente. Em 1845, conseguiu outro; ele viveu seis meses. Entre

o século XIX até o inicio do século XX, zoológicos tiveram chimpanzés

que morreram depois de nove meses. Somente nos anos 30, foi descoberto

que os chimpanzés são extremamente vulneráveis a doenças respiratórias

humanas, e que devem ser tomadas medidas especiais para protegê-los.

Mas perto de um século tirou eles da selva subalugando-os à morte.


Hoje ainda persistem problemas. Quando chimpanzés são pegos da

selva o processo comum é matar a mãe e capturar o filhote. A regra base

entre os caçadores é que a cada dez chimpanzés apenas um é entregue

vivo aos Estados Unidos ou Europa. Na chegada, muitos desses animais

são confinados sob condições abismais.


Chimpanzés não são os únicos animais a sofrer em zoológicos. Em

1974, Petter Batten, ex-diretor dos Jardins Zoológicos de San José,

encarregou-se de uma exaustiva pesquisa de duzentos zoológicos

americanos. Em seu livro, Living Trophies, ele documentou um grande

número de animais obesos e neuróticos mantidos presos e alimentados

por comida sintética. Muitos têm patas deformadas causadas pela

inadequada superfície do chão. Quase todos os estudos tiveram níveis

de mortalidade excessivos, resultado de fatores de prevenção, variando

de vandalismo as práticas de cuidado inadequadas. A conclusão de

Battan foi: “a maioria dos zoológicos americanos é mal dirigido, sua

direção é incompleta e o cuidado é inapto e m alguns casos inexistentes”.


Muitas destas mesmas condições e outras são documentadas em

Pathology of Zôo Animals, uma revisão de necroses concluída por Lynn

Grinner através dos últimos catorze anos zoológico de San Diego. Este

zoológico pode muito bem ser o melhor no país, e sua equipe é certamente

bem treinada e bem intencionada. Ainda assim, este estudo documenta a

grande má alimentação entre os animais do zoológico; altos níveis de

mortalidade pelo uso de anestésicos e tranqüilizantes; infanticídio e

luta entre os animais, certamente causadas por condição de

superpopulação de animais. Contudo, o zoológico aprendeu com seus

erros, ainda é incapaz de manter muitos animais selvagens em cativeiro

sem matar ou machucá-los, direta ou indiretamente. Se isto certamente

é verdadeiro no zoológico de San Diego, e numa extensão maior é

verdadeiro também em outros zoológicos.


A segunda consideração é mais difícil de discorrer sobre, mas é

para mim, ainda mais importante. Zoológicos nos ensinam um falso

senso do nosso lugar na ordem natural. Os meios de encarceramento

marcam uma diferença entre humanos e animais. Eles estão lá para

nosso prazer, para serem usados para nossos propósitos. Moralmente e

talvez por nossa sobrevivência, é necessário que saibamos viver como

uma espécie entre muitas outras do que uma espécie acima das outras.

Fazendo isso, devemos esquecer do que aprendemos em zoológicos.

Porque o que zoológicos nos ensinam é falso e perigoso, ambos humanos

e animais estarão melhores quando zoológicos forem abolidos.


1 Título original: Against Zoos. In: ‘In defense of animals’. SINGER, Peter (editor).

New York: Basil Blackwell. 1985.

2 Professor de Estudos Ambientais e Filosofia da Universidade de Nova Iorque.


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