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Falta de lei específica para resgate de animais facilita fuga de tamanduá-mirim


Tamanduá-mirim fugiu à espera de resgate em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio.

RIO — A ausência de legislação específica sobre a competência para resgate de animais silvestres faz com que a população do Rio não saiba a quem recorrer quando esse tipo de bicho aparece em áreas urbanas. Na quarta-feira, por exemplo, o guarda municipal Ramon da Paz se deparou com um tamanduá-mirim no quintal de sua casa, no bairro Jardim Bom Retiro, em São Gonçalo, na Região Metropolitana, e desde então espera saber qual órgão deveria ter sido acionado para coletar o mamífero. Assustado e acuado, o animal acabou fugindo.

— Tenho três cachorros, eles estavam latindo muito para o alto de uma árvore do quintal. Eu os afastei e, quando fui verificar, pensei até que fosse um gambá — contou Ramon, que cercou o tamanduá com tapumes junto ao muro, com medo de os cães atacarem o bicho. Ele temia, ainda, que o animal fosse capturado por caçadores da região.

Pela manhã, Ramon acionou o Corpo de Bombeiros para resgate do animal, mas foi orientado a procurar o Ibama. O órgão federal teria respondido, segundo ele, que não cabia à instituição atender à solicitação. Durante o jogo de empurra, o tamanduá acabou fugindo.

— Ele estava muito estressado, talvez por fome. Eu não sabia como alimentá-lo, chamei alguém para fazer o resgate, e ninguém veio. Fui trabalhar, e quando voltei para casa ele havia feito um buraco na terra e passou por baixo do muro — relatou.

Indignado, o guarda municipal contou que não é raro surgirem animais silvestres, como micos e gaviões, na região.

— Acontece vez por outra. Quando os moradores conseguem evitar que matem, ficam sem saber quem chamar ao certo — disse.

RESPONSABILIDADE DE RESGATE É ACORDO COMPARTILHADO

Na falta de uma lei direcionada ao tema, a assessoria de imprensa do Ibama no Rio de Janeiro informou que o artigo 23 da Constituição Federal - que atribui competência à União, estados e municípios para a proteção

Em nota, o Ibama esclareceu, ainda, que não faz resgate de animais silvestres em áreas urbanas, mas atua excepcionalmente quando se trata de um animal ameaçado de extinção, através de seu Núcleo de Biodiversidade, pelo telefone 3077-4252. No caso do tamanduá-mirim, o órgão o enquadrou na categoria de “espécie em situação segura ou pouco preocupante”, descartando a necessidade de deslocamento de uma equipe federal para atendimento.

Para demais ocorrências, o Ibama indicou que os bombeiros devem ser acionados pelo telefone 193, para resgatar animais que ofereçam maior risco de acidente, como jacarés, onças e cobras, entre outros. Em casos de menor risco, o órgão recomendou contato com as secretarias municipais de Meio Ambiente.

Já a assessoria de imprensa dos bombeiros confirmou que recebeu o chamado para a ocorrência na casa do guarda municipal. Contudo, “de acordo com a situação relatada, os militares orientaram o solicitante a fazer contato com o Ibama, pois a corporação atua apenas em caso de risco para o animal ou para pessoas”.

Presidente da ONG SOS Aves & Cia, o ambientalista Paulo Maia critica a burocracia e a falta de

— Isso é inconcebível. No meio dessa história, onde está o animal protegido por lei? Houve descaso com o fato, que só prova o quanto essas instituições criadas para proteger o meio ambiente não funcionam — enfatizou.

Segundo o ativista, o problema costuma ser recorrente no estado do Rio.

— Nós fazemos resgates sempre que solicitados, em qualquer lugar. Recentemente, em conjunto com os bombeiros, resgatamos um macaco. É preciso ter vontade — finalizou.


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