Chamada popularmente de “aguamento”, a Laminite é uma patologia que atinge o sistema locomotor de equinos.
O que é:
Chamada popularmente de "aguamento", a Laminite é uma patologia que atinge o sistema locomotor de equinos. Sua ocorrência é bastante grande, e apesar de um estudo epidemiológico indicar que todas as raças são afetadas do mesmo modo, encontrou se uma maior incidência em cavalos Quarto de Milha, Árabes e PSI.
Ela é descrita como uma doença vascular periférica, com diminuição da perfusão capilar no interior da pata, necrose isquêmica (falta de sangue) das láminas, gerando inflamação e muita dor. Esta doença ocorre devido a manifestação local de um distúrbio metabólico mais sistêmico, que afeta o sistema cardiovascular, renal, endócrino, coagulação sanguínea e do equilíbrio ác.básico.
O que acontece nas patas afetadas?
A falange distal (osso que fica no interior do casco), é presa no interior da parede do casco por lâminas. Na base da falange existem vasos sangüíneos que nutrem essas lâminas. O tendão flexor profundo se insere na superfície palmar (de trás) da falange distal (ele tem a função de flexionar esta região).
Na pata afetada com Laminite ocorre uma isquemia (diminui o suprimento de sangue) no interior do casco, as lâminas ficam inflamadas e podem necrosar, gerando muita dor. Em casos mais sérios o animal pode perder o estojo córneo.
Para entender melhor:
Como o tendão flexor está inserido na superfície da falange distal, ele "puxa" a falange para trás, fazendo esta rotar (isto ocorre na laminite crônica). Ela rota, pois as suas "amarras" foram soltas que eram as Lãminas necrosadas.
Rotação da falange distal (com a sua ponta perfurando a sola do casco). Podem ser afetadas as 4 patas, mais na maioria das vezes são afetadas somente os anteriores.
Porque esta patologia ocorre?
1. Alimentação: A ingestão exagerada de CARBOIDRATOS (milho, trigo, cevada ou ração, na aveia não tão grave) ou a troca brusca de alimentação.
O fornecimento de pasto muito viçoso, que contém trevos e alfafas, também podem gerar diarreia e virar em Laminite.
2. Água: A ingestão de grandes quantidades de água fria em cavalos recém trabalhados (quentes, suados), pode gerar um choque térmico, levando a uma gastrointerite causando a laminite.
3. Sobretreinamento: O trabalho pesado sobre um piso duro, em animais não condicionados fisicamente, pode gerar a laminite, ainda mais em animais que possuem a parede do casco e sola finas.
4. Cólicas: A duodeno jejunite proximal (cólica pela inflamação do I.D.), gera endotoxemia e subsequentemente pode dar Laminite.
5. Retenção de Placenta / Endometrite: A Laminite pode ocorrer em caso que haja retenção de placenta com ou sem endometrite.
6. Uso prolongado de Corticoides. Sintomas e diagnóstico: - Claudicação grave (manqueira); - Aumento de pulso; - Calor nos cascos afetados; - Posição característica (para alívio dos membros afetados); - Rotação da falange distal (crônica); - Separação da faixa coronária (coroa do casco) no processo extensor.
O diagnóstico é óbvio.
Posição característica para alívio dos membros afetados.
Tratamento:
Esta patologia é considerada uma emergência, podendo ser leve ou extremamente grave!
A Laminite aguda (nas primeiras 48hs, ou antes que a falange distal rote), deve ser tratada com:
- Gelo (colocar o membro afetado 3 ou 4 vezes ao dia); - Fenilbutazona (analgésico com efeito antiplaquetário), - Flunixim meglumine (efeito endotóxico), - Ácido Acetilsalicílico (anticuagulante), - Acepromazina (redução da hipertensão)ou a critério de cada veterinário; - Alimentação a base de feno, podendo entrar com aveia com a melhora do caso; - Antibiótico sistêmico / tópico (em alguns casos); - Exercício controlado; - Cama feita de areia; - Ferradura em forma de coração para ajudar a evitar a rotação da falange.
Prevenção:
Mantendo um manejo correto em relação à alimentação, exercícios e patologias relacionadas, podemos diminuir muito as chances de ocorrer a Laminite.
Claudia Tigre dos Passos Médica Veterinária (ctigre280@terra.com.br)