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PROJETO BÁSICO PARA CRIAÇÃO DE SANTUÁRIOS PARA JUMENTOS E CAVALOS

O que são santuários de animais? São instituições e/ou pessoas que mantêm animais sob sua custódia, nas melhores condições possíveis e pelo tempo de suas vidas, mas não permitem sua reprodução (exceção para o caso de santuários de animais silvestres, que podem reproduzir animais com propósitos de conservação da espécie) e não exploram esses animais de forma alguma (seja negociando animais ou suas partes, seja exibindo os animais ou entretendo pessoas as suas custas).

Santuários para animais domésticos: São santuários voltados à manutenção de animais cujas espécies o ser humano manipulou geneticamente com o propósito de produzir características favoráveis a sua exploração. Nesse tipo de santuários a reprodução deve ser terminantemente proibida e a doação de animais deve obedecer a critérios bem específicos (pois os animais não podem ser doados se há possibilidade de que sejam explorados por seus adotantes). São exemplos os santuários de cavalos, jumentos, vacas, cabras, ovelhas, porcos, galinhas, coelhos, ratos albinos, canários, pombos, coelhos, abrigos de cães e gatos, etc.

Primeiros cuidados e providencias:

A triagem é o primeiro passo quando do desembarque dos animais antes da condução às instalações, e deve ser realizada preferencialmente por médico-veterinário.

No caso dos jumentos, e também de cavalos, em geral recolhidos das ruas e tendo passado por longo período de abandono (sem medicação, boa alimentação, cuidados com feridas e infestações de parasitas e reprodução descontrolada) é indicado que:

  1. Seja construída uma área de servirá de quarentena para os asininos que chegam à propriedade e onde se possa ter um controle maior sobre a saúde e o bem estar tanto dos que já estão na propriedade quanto dos que chegam;

  2. Sejam estimado sexo, idade, condição reprodutiva, se é esterilizado ou não no caso de machos; e se há prenhez no caso de fêmeas;

  3. Seja feita avaliação clínica e exame físico para:

  • Fraturas,

  • inflamações,

  • luxações.

  • Laminite,

  • broca,

  • rachadura nos cascos.

  • Carrapatos

  • Doenças infecciosas (mormo, AEI, gripe, garrotilho, tuberculose)

  • Mordidas de animais peçonhentos

Exames complementares e prescrição de tratamento ou conduta necessária.

O exame clínico deve ser minucioso em animais supostamente enfermos, de forma a identificar qualquer sinal ou sintoma de doenças zoonóticas ou outras infectocontagiosas.

Coletar (amostragem) material para estimativa do grau de infestação verminótica (OPG) e hemogramas _ Imediatos e emergenciais; Vacinação anti-rábica e premunição antitetânica _ se pretender realizar curativos, cirurgias de castração entre outras;

Recomenda-se evitar o alojamento conjunto de animais recolhidos em datas diferentes, enquanto não houver resultado dos exames dos materiais coletados.

Providenciar programa de castração de machos;

Os muares são animais híbridos originários do acasalamento de jumentos com éguas. São animais que podem ser utilizados em diversas atividades como, tração, lida do gado e cavalgadas. No ano de 2011 a população de muares no Brasil chegou a 1.269.200 cabeças, representando 10% da população mundial.

Os burros e as mulas são usados em função das suas capacidades peculiares como: força, resistência, capacidade de aprendizado, docilidade e aceitação do homem na interação para a realização de todas as atividades.

Os muares são capazes de tolerar até 30% de desidratação, são animais da família dos equídeos que mais suportam viajar com restrições hídricas, e por essa razão são amplamente utilizados em regiões mais secas e locais que têm pouco acesso à água durante o trabalho.

Os muares são animais mais rústicos, se comparados aos equinos. São mais resistentes à escassez hídrica e possuem maior aproveitamento da dieta de baixa qualidade. O seu comportamento é diferenciado, apresenta maior preferência por indivíduos da mesma espécie e heterogeneidade de ação entre o grupo. Têm a inteligência bem desenvolvida, são eficientes na locomoção ao longo de trilhas estreitas, sinuosas, acidentadas, entre outras.

Características físicas de jumentos e muares:

De uma maneira geral, os muares se parecem com os cavalos. As orelhas são mais compridas, o que lhes dá maior percepção dos sons; possuem a cabeça e as pernas do jumento; diagrama corpóreo da égua; narinas afiladas, canelas secas e cascos relativamente pequenos; crinas curtas e para cima, podendo, eventualmente, apresentá-las longas e caídas como os equinos; peso variando entre 250 kg a 400 kg e altura entre 1,30m e 1,50m. O rincho do jumento pode ser ouvido até 3 ou 4 km de distância.

As principais raças de asininos utilizadas para a geração de muares são: o jumento Pêga, o jumento Paulista ou Brasileiro e o jumento Nordestino. O jumento Pêga é considerado uma raça pura de animal marchador e quando cruzados com equinos marchadores, originam-se muares marchadores de sangue Pêga, é uma animal versátil utilizado para cargas, transporte, preparo do solo e lida com o gado;os de sangue puro são hoje utilizados em cavalgadas, provas funcionais e concurso de marcha, o que valoriza muito a raça.

Já o Jumento Nordestino, conhecido como jegue, é um dos animais que mais prestam serviços na região, desde o sul da Bahia até o norte do Maranhão, tem grande resistência e é usado para montaria e transporte.

Alimentação

Os muares consomem, para viver, em torno de 25% das necessidades calóricas de um cavalo, e menos água. Em trabalho pesado, os muares controlam seu suor mantendo estável sua temperatura interna. Tem capacidade de arrasto de até 50% do peso de seu próprio corpo, enquanto os equinos não ultrapassam 30%.

Manejo

Do ponto de vista veterinário, mulas e burros fazem a monotonia da vida prática destes profissionais, pois não requerem qualquer atenção significativa, além dos cuidados normais na propriedade (controle de vermes, carrapatos, higiene de estábulos, entre outros).

Desempenho

A dureza de seus cascos é comparável ao marfim e para trabalhos em terrenos planos não necessitam serem ferrados. Ao enfrentarem trilhas montanhosas, comportam-se como cabras, subindo passo a passo sem esgotarem seus dotes físicos e progredindo por horas a fio sem descanso.

Longevidade

Sua longevidade permite-lhes trabalhar por mais de 35 anos, não sendo surpresa alguns casos de muares estenderem suas vidas por até 47 anos. São praticamente imunes a aguamentos, e apresentam reações de inteligência superiores aos seus primos, os cavalos. Um exemplo flagrante disto é o espírito aguçado de sobrevivência que se nota nestes animais. Quando estão nos limites de resistência, simplesmente param ou deitam ao solo para descansarem, ao contrário dos equinos que andam até morrerem.

Espécie

O muar é tido como animal nobre, amigo, fiel ao homem, e por sua vez, muito hábil. A inteligência é uma das características principais dos muares, que são imbatíveis e eficazes na condução de seus cavaleiros em trilhas sinuosas, pedregosas, íngremes e montanhosas. Sua percepção aguçada faz com que dificilmente se coloque em situação de risco, além de apresentar muito menos reação a sustos ou barulhos, ele é um animal prudente, que não manifesta reações afoitas, características que aliadas à disciplina e obediência, fazem do muar o companheiro ideal de cavalgadas e trilha, onde se é exigida uma grande resistência com percursos de aproximadamente 40 km diários.

Jumentos e muares são animais rústicos, bastante adaptados à caatinga. Cavalos, por outro lado, são animais bem mais sensíveis. Basicamente, a manutenção de jumentos e muares demanda:

1- Pastos em quantidade adequada (preferencialmente dividido em lotes para melhor aproveitamento), com cochos, bebedouros e saleiros espalhados pelos lotes;

  • Jumentos podem subsistir à custa de pastos de vegetação nativa da caatinga (juazeiro, jucazeiro, catingeira, quixabeira, feijão-bravo, , bordão de velho, catanduba, morororó, xiquexique, mandacaru, macambira, facheiro, coroa de frade, etc.), mas nesse caso o número de animais mantidos por área tende a ser baixo. Se a área for plantada com forrageiras a capacidade suporte aumenta.

  • O capim mais recomendado para a semiárido é o capim buffel (), pois ele suporta solos pobres, a seca e o pisoteio dos animais, mas dependendo da região outras espécies de capins podem ser também plantadas (andropogon, birdwood, , jaraguá, gramão, urocloa, colonião, capim estrela, capim coast cross).

  • Igualmente, os pastos devem ser constituídos por leguminosas como leucena, cunhã ou feijão guandu. Pés de algarobeira ( ) podem ser plantados em meio ao pasto, fornecendo sombra para os animais, além de alimentação na época da estiagem. Em um pasto de produção razoável é possível colocar cerca de 6 animais por alqueire ou 2 a 3 animais por hectare.

  • Além dos pastos verdes faz-se necessário a preocupação em se ter capineira e outros recursos para alimentação dos animais no verão (estiagem). As algarobeiras e palmas forrageiras ( – espécies de cacto) suprem em parte tal função, mas convém que exista também a preocupação em fornecer aos animais forragens. Três (3) hectares de capim elefante de variedade , mais um (1) hectare de cana forrageira fornecerão aproximadamente 1.000 kg de massa verde por dia, ao longo de um ano, servindo isso para reforçar a alimentação de 25 jumentos. Além disso, outras forrageiras como a mandioca, a maniçoba, a melancia forrageira, pornunça, gliricídia, a erva-sal etc. são alimentos úteis a serem utilizados em épocas de escassez. Milho, milheto e sorgo, algodão, mandioca, maniçoba, guandu também suprimiriam os animais com forragens e grãos.

  • Considerando um sistema pouco eficiente de produção, tendendo a consórcio de culturas, um bom módulo para cálculo de capacidade suporte seria, para cada 100 jumentos, reservar cerca de 30 hectares de pastos verdes e 15 hectares de capineiras, mas em um sistema agrossilvipastoril ou um sistema de interação lavoura-indústria-pecuária provavelmente os números seriam diferentes, por conta do uso de outros recursos alimentares.

2- Áreas de cobertura para proteger os animais do sol e das chuvas;

  • Podem ser coberturas rústicas feitas com troncos e cobertura de sapé ou mesmo áreas sombreadas por árvores no próprio pasto, preferencialmente algarobeiras, que além da sombra podem proporcionar alimento para os animais.

3 – Um curral;

  • Um cercado onde os animais possam ser confinados quando for conveniente. Nesse local eles podem ser examinados por veterinários para verificar doenças como encefalite, receber cuidados, medicamentos, vermífugos, aplicação de produtos contra endoparasitas, suplementos, alimentos concentrados e outras atividades de manejo.

4 - Área de fenagem, celeiro, picador, paiol de milho e silos;

  • Para armazenamento de alimentos concentrados a serem fornecidos aos animais ao longo do ano ou volumosos em tempos de estiagem (Silagem de milho e sorgo, feno de gramíneas, etc.).

Qual a área mínima para um sistema de produção ser economicamente viável no semiárido:

  • Não se pode estabelecer uma área mínima padrão, pois a região do semiárido é bastante heterogênea, com diferentes tipos de fitofisionomias, diversidade espacial e temporal de paisagens, etc. Estabelecer uma área padrão seria muito arriscado.

  • Mas de modo geral áreas menores do que 100 hectares tendem a não atingir a sustentabilidade. Preferencialmente as áreas devem ter o dobro ou o triplo disso. Uma área de 300 hectares , a um custo de aquisição menor do que R$ 900 mil poderiam manter, seguramente, mais de 650 jumentos e ainda desenvolver atividades bastante lucrativas, sem explorar os animais de forma alguma.

  • Será preciso avaliar a relação custo/área .

Manejo dos jumentos em lotes rotacionais:

  • A divisão das terras em lotes possibilita o manejo rotacional dos animais, de modo que eles não esgotem os recursos da área. A transferência dos animais de lote em lote, de tempos em tempos, permite que a terra se recupere, que as plantas rebrotem e que a variedade de vegetações locais se mantenha. Lotes podem ser plantados com culturas diferentes e serem manejados de acordo com a época do ano em que se pretende ocupá-los com os animais.

  • Em criações onde jumentos são explorados os lotes são separados entre fêmeas prenhes, fêmeas com crias ao pé, lotes de filhotes desmamados de ambos os gêneros que ainda não atingiram a maturidade sexual e lotes de fêmeas em idade reprodutiva. Quanto aos machos adultos, esses devem ser mantidos em piquetes isolados, pois brigam entre si, além de poderem querer “montar” as fêmeas em época errada.

  • Em um santuário de jumentos os machos deverão ser castrados, possibilitando sua livre convivência entre si e com as fêmeas. E supondo que não existirão nascimentos, não há necessidade de separação de animais pela idade. Os lotes serão compostos, portanto, de modo mais heterogêneo, visando a priorizar o melhor manejo agronômico, e não o melhor manejo zootécnico.

NECESSIDADES DE UM SANTUÁRIO PARA CAVALOS

Tópicos da Inspeção (para cavalos) > sempre bom para avaliar um animal resgatado, sem deixar de fazer uma checagem com um veterinário se possível.

1. Morfologia:

- afecções dos olhos, capacidade visual; busca por lesões.

- esfoladuras e escaras causadas por atrito com os arreios e durante a estabulagem;

- flexionamento dos tendões;

- claudicação;

- afecções do casco (brocas, laminite, rachaduras, rigidez, descamações), morfologia do casco e seus distúrbios causados pelo ferrageamento, estado geral das ferraduras;

- sinais de dores musculares (coluna, pescoço e membros);

- sinais externos de verminose;

- exame de mucosas (anemia);

- exame de desidratação cutânea;

- afecções da pele;

- estimativa de idade do animal;

- infestação por carrapatos;

- corrimentos nasais, secreções vaginais, higiene do prepúcio;

- esfoladuras na cernelha e chanfro;

- busca de sinais externos de maus tratos e uso de violência;

- tensão abdominal e gases;

- estado geral das orelhas;

- febre;

- prostração;

- sinais de artrite/tendinite.

2. Manejo:

- higiene das baias;

- higiene dos cochos, qualidade da água fornecida, presença de água turva nos cochos e fermentação de dejetos de ração/volumoso;

- qualidade do piso das baias, presença de cama com material apropriado ao descanso (serragem, areia, feno);

- presença de pontos de ferrugem expostos nas instalações destinadas aos animais;

- segurança e conservação das instalações;

- relação entre os horários e oferta de alimentos com os horários de trabalho;

- sinais de presença de ratos nas instalações;

- qualidade e origem do alimento fornecido;

- exposição dos animais à amônia resultante dos seus dejetos;

-reações de medo dos animais a cabos de vassoura, gritos e movimentos bruscos;

- verificação dos termos de responsabilidade e sua correspondência com a situação dos animais;

- presença de plantas tóxicas e acesso dos animais a elas;

- condição de estocagem do alimento;

- adequação das dimensões das baias e instalações ao tamanho e porte físico dos animais;

- procedência da água.

3. Exames laboratoriais, Zoonoses:

- anemia infecciosa equina;

- mormo;

- babesiose;

- leptospirose;

- influenza A;

- bambeira;

- encefalomielite;

- tétano;

ESCOLHA DO TERRENO PARA O SANTUÁRIO:

  • O terreno deverá ser seco e de solo silicoso para que a água das chuvas seque rapidamente.

  • A construção deve ser localizada em locais altos, protegida dos ventos por árvores em volta.

Instalações:

  • Área para cavalos:

De 2,000 a 4.000m quadrados para um grupo sendo 0,4hectares ou um acre por animal.

PISO:

  • Deve ter uma inclinação suave para fora, de 1 cm em cada metro (até em cada 70 cm) a fim de facilitar o escoamento da urina e água de lavagem, se for o caso.

  • É preciso cuidado de não tornar esta inclinação muito forte, pois afetaria os aprumos dos animais, forçados constantemente a uma posição defeituosa, causando taras nas articulações, manqueira e deformação das extremidades.

  • O deve ser feito de material lavável e impermeável, resistente a pisoteios, preferencialmente concreto antiderrapante, com caída para um ralo central devidamente gradeado. Deve ser sobreposta com cama de material macio, absorvente e que se mantenha o mais seco possível, como o feno ou maravalha, facilitando a drenagem de líquidos para níveis mais baixos do piso. Alternativamente, pode ser utilizada borracha específica para esta finalidade, que é normalmente comercializada.

CAMA:

  • Item muito importante para dar maior conforto ao animal. Cavalos dormem deitados ao contrário do que se pensa e precisam deste somo para evitar doenças causadas por aumento de cortisol que surge quando não dormem adequadamente.

  • O material que pode ser usado para as camas é variado: pó de serra, feno, capim, palha de arroz, areia, maravalha, piso de borracha, fibra de coco.

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COMEDOUROS:

  • Os comedouros, destinados a alimentos e concentrados, são colocados a um metro do solo na parede fronteira do animal, ou num dos cantos dessa parede; deve ser de ferro, preferivelmente móvel.

  • As manjedouras são colocadas são colocadas na mesma altura do comedouro.

  • É desaconselhável o uso de manjedouras altas e inclinadas.

  • Quando se fazem comedouros de madeira, esta deve ser bem dura, de 1,5 a 2 polegadas de grossura, com 44 cm de largura em cima e 22,5 cm em baixo, e cerca de75 cm de comprimento (medidas internas) e 20 a 30 cm de profundidade.

  • Usam-se mais cochos de ferro, em geral de 75X35X30 cm, estreitando para o fundo. Usam-se também comedouros de cimento armado que podem ser feitos na mesma ocasião da construção das paredes.

BEBEDOUROS:

  • Geralmente o recipiente é encaixado em um anel preso a parede, num dos cantos posteriores do boxe e a uma altura de 90 cm.

  • O bebedouro externo é feito de alvenaria ou concreto a uma altura de 90 cm de altura e colocado longe da porteira para evitar poeira, Pode-se construir junto a uma caixa de alimentação com boia que mantenha o nível constante. É melhor fazê-lo pequeno, facilitando a limpeza diária. Não usar em caso de existir alguma doença respiratória.

BAIAS:

Os animais devem ser alojados individualmente em baias, com exceção das fêmeas com potros ao pé ou animais jovens e companheiros.

As baias devem ter no mínimo 10 m², sendo o ideal 12 m² por indivíduo, com janelas gradeadas entre cada baia. O pé direito mínimo deve ser de 3,5 metros, garantindo-se que a construção proporcione ventilação adequada, iluminação natural e artificial e conforto térmico. As paredes laterais devem ser baixas, até 1 metro de altura e a partir dessa altura deve-se fechar com tubos cilíndricos de ferro, tornando-se a área externa o mais visível possível.

Nessas instalações deve ser feita limpeza constante, no mínimo duas vezes ao dia, para remoção de cama úmida, fezes e restos de alimentos, recolocando a serragem, maravalha, capim ou outro material destinado a proteger os cascos do animal do contato direto com o solo.

Após a destinação definitiva do animal deve ser feita a substituição completa da cama, higienizando e desinfetando pisos e paredes com água e vassoura, removendo todos os resíduos. Para a desinfecção recomenda-se a utilização de solução de amônia quaternária e/ou vassoura de fogo. A recolocação de cama só deve ser feita após o interior estar completamente seco, evitando-se a proliferação de fungos e outros agentes patogênicos. No caso de animais alojados por períodos prolongados de tempo, essa limpeza deverá ser realizada no máximo a cada 15 dias.

As portas devem ser amplas e centrais, bipartidas e de abertura independente, com vãos superior e inferior.

Caso as paredes laterais não sejam baixas, recomendam-se janelas internas entre as baias também de grades de metal que permitam o contato visual entre os animais. Esse contato melhora a socialização e o conforto comportamental, minimizando o estresse. As janelas externas devem ser teladas com malha tipo mosquiteiro, garantindo ausência de insetos em área interna. O telhado, preferencialmente, deve ser constituído de telhas que garantam o conforto térmico dos animais dentro das baias. As paredes devem ser de cimento queimado ou com revestimento lavável.

COCHOS:

Os cochos devem ser feitos de alvenaria de cimento queimado, sem bordas vivas, com fundo arredondado fechando suavemente na parede abaixo, sem fundo.

Recomenda-se um cocho menor, em um dos cantos da baia, para fornecimento de sal mineral e um cocho para água, em outro canto – este contendo água potável, fresca e trocada diariamente, sendo seu enchimento controlado com boia. A limpeza deve ser feita com escova, em dias alternados, evitando-se resíduos ou presença de larvas de insetos. Deve ser previsto um cesto de metal com bordas redondas.

Cavalos possuem estômago pequeno, devendo receber pequenas porções do alimento total destinado a ele, dividida em cerca de três a quatro vezes por dia. Dentro da refeição deve estar incluída a forragem e a ração.

O verde sempre antes da ração.

A refeição mais completa de volumoso (capim ou feno) deve ser oferecida a noite, pois o animal esta em repouso o que facilita a digestão do volumoso que é mais lenta.

  • : colonião ou elefante, cortado homogeneamente (2 cm) ou inteiro, oferecidos em lugar limpo e devendo ser limpo de sobras,o capim inteiro tem a vantagem de promover melhor mastigação, desgaste regular dos dentes e pode ser oferecido no chão.

Ração: Oferecer entre 0,5 a 1,5% do peso do cavalo. Se o total for mais de 1 kg por dia dividir em duas ou três refeições, não fornecer mais de 2 kg por refeição.

Água de 30 a 50 litros por dia.

Sal mineral: É ideal deixar à disposição do cavalo uma pedra de sal mineral para que ele lamba aos poucos, ou coloque meia xícara de sal mineral em pó três vezes na semana.

Procurar oferecer as refeições nos mesmos horários.

Modelo de tabela de alimentação:

Escore corporal:

CONTENÇÃO:

  • Deve existir, em toda baia, um dispositivo de contenção que permita prender os animais de modo que não haja risco de machucar seus vizinhos, mas que ao mesmo tempo em que permita que se alimente e se deite apoiando a cabeça no chão, sem risco de enforcar-se na corda.

  • Nas cocheiras sem divisões, geralmente usadas para animais mansos e de trabalho (montaria ou tração) colocam-se convenientemente espaçadas na parede (1,5 m mais ou menos), argolões de ferro onde se amarram os animais.

Dispositivo de contenção para exames e aplicação de medicamentos

DEPÓSITO:

  • Podem ser de: forragem, de ração e farmácia.

  • Ração: deve ser em local ventilado, com estrados a 20 cm do solo, onde a ração deve ser empilhada ao menos a 10 cm da parede, protegidas do sol direto e da chuva.

HIGIENIZAÇÃO:

Veículos – O atendimento de ocorrências que envolvam equídeos pode ser uma tarefa eventual nos serviços de controle de zoonoses; portanto, a otimização de um veículo muitas vezes irá ocorrer, em especial para o transporte desses animais na atividade de recolhimento. O uso de um trailer para tração em uma caminhonete pode ser útil nessas situações. Após cada atividade é fundamental a limpeza e higienização dos veículos e equipamentos, garantindo sua conservação, durabilidade e a observação da necessidade de reparos ou de manutenção, evitando assim contratempos na rotina diária. O veículo deve ser limpo após cada uso, removendo-se todos os resíduos sólidos, como fezes, áreas de cama úmida, sujidades, entre outros. Pelo menos uma vez por semana deve ser feita limpeza completa, com a lavagem do veículo interna e externamente, utilizando- se água corrente e escovas ou vassouras para limpeza de piso, teto e paredes. Nessa limpeza, pode ser utilizado sabão neutro; porém, recomenda-se o emprego de solução de amônia quaternária para realizar a desinfecção, pois não é abrasiva e não causa danos à estrutura do veículo.

Equipamentos de lida e manejo – Para os equipamentos de uso diário, como cabrestos, cordas, raspadeiras, escovas e rinetas, devem ser feitas higienizações frequentes apenas com água e sabão neutro. Manter sempre os materiais expostos ao sol para completa secagem e, eventualmente, fazer uso de hipoclorito em solução a 2,5% para desinfecção, em especial para casos de animais com enfermidades infectocontagiosas ou parasitárias.

Manejo de pragas em instalações:

Recomenda-se o emprego de métodos preventivos que evitem o uso de produtos químicos específicos dentro das instalações em geral, em especial nas baias, áreas de armazenamento de alimentos e medicamentos. Portanto, empregar medidas de antirratização nas instalações.

A ação de desratização, quando necessária, deve ser feita com muito critério, por profissional especializado, de preferência do próprio serviço de controle de zoonoses, utilizando-se apenas produtos registrados no Ministério da Saúde. Deve-se observar o uso de todas as medidas de minimização de risco de contato dos animais ou humanos com o produto, empregando armadilhas de deposição e sinalizando corretamente a área alvo do controle. O controle deverá ser feito periodicamente até que nenhum sinal de infestação seja observado.

Autossuficiência de um Santuário:

Pois bem, atualmente sabemos que a maioria dos santuários se depara com o mesmo problema: são sumidouros de recursos. Santuários dão abrigos a animais, os alimentam, os medicam, pagam seus funcionários e tudo isso com a boa intenção e os recursos próprios de seus mantenedores; são, portanto, instituições que prestam na maior parte das vezes um grande serviço, mas com alta dependência de voluntários e doadores.

Para que a propriedade atinja a autossuficiência ela deve adquirir recursos de outros produtos que não os animais, daí a necessidade de se integrar ao sistema uma lavoura (de algodão, de mandioca, milho e feijão intercalados, por exemplo, ou plantações de abacaxi, melancia ou uvas, todas culturas que se adequam à caatinga) ou uma fonte de recursos florestais ou uma indústria processadora, ou de preferência todas essas alternativas. E com o lucro dessas atividades pagar a terra, a mão de obra, os recursos gastos, etc. É essencial que o local de manutenção desses jumentos não seja simplesmente um local onde esses animais sejam mantidos pro bono, um sumidouro de recursos, mas que sejam terras produtivas de alguma forma.

Sistema agrossilvipastoril:

  • Há um forte benefício em se associar o plantio de árvores e arbustos a um santuário de animais no semiárido, e embora a implantação de um sistema agrossilvopastoril demande conhecimento e maiores gastos, isso tende a se pagar com o tempo, apresentando o sistema muitas vantagens.

  • As árvores auxiliam na captação de água e nutrientes em maiores profundidades, no caso das leguminosas elas auxiliam na fixação de N e absorção de P; algumas árvores são boas opções de forragem verde na época da seca, elas fornecem sombras aos animais, Funcionam como quebra-vento, podem fazer o papel de cercas-vivas, podem fornecer lenha, estacas, frutos nativos e exóticos, auxiliam na manutenção da cobertura vegetal sobre o solo, entre outras vantagens.

  • As árvores dessa agro-floresta podem ser em parte árvores frutíferas, como cajueiros, mangueiras, goiabeiras, bananeiras, coqueiros ou frutíferas típicas da caatinga (umbu, maracujá da caatinga, licuri, etc.). Após essas árvores atingirem determinado tamanho, quando já não podem ser “predadas” pelos animais, essa interação apresenta apenas vantagens:

  • – a mesma terra, antes plantada com pastos e que não produziria nenhum rendimento, agora rende conforme a produção de frutos;

  • – os jumentos pastam em meio às árvores eliminando os custos com controle de plantas herbáceas;

  • – os jumentos adubam as árvores com seu esterco;

  • – os jumentos consomem frutas caídas eliminando possibilidade de mofo e moscas-da-fruta;

  • – a irrigação das árvores beneficia o pasto e vice-versa.

  • Um pomar com frutíferas intercaladas com algarobeiras (que fixam o nitrogênio e alimentam os animais), e com extrato herbáceo de capim búfel e leucena e jumentos pastando entre as árvores já seria ecológica e economicamente sustentável, mas há como incrementar o sistema, diminuindo os riscos e aumentando a diversificação da renda.

  • Na verdade o lucro maior da propriedade poderia vir não da produção de frutas, mas da exploração de outros recursos que poderiam funcionar como carros-chefe, como as alfarrobeiras – Ceratonia siliqua (que embora não sejam tradicionalmente plantadas no Brasil possivelmente podem produzir no semi-árido, fornecendo sementes que substituem o cacau); candeias (Plathymenia reticulata) e outras plantas que fornecem óleos essenciais; Cumaru (Amburana cearenses), muito procurada pelas empresas farmacêuticas; carnaubeiras – Copernicia prunifera, cuja cera é utilizada em vários processos produtivos e cujos frutos podem ser usados na alimentação animal; diversas plantas que podem ser usadas na produção de biodiesel, como o pinhão-manso () e a mamona, etc.

  • Todas essas espécies apresentam potencial de lucro alto, podendo este ser maximizado se à sua produção estiver agregado algum processo produtivo que agregue valor ao produto. Além disso, as sobras de muitas dessas culturas e processos produtivos podem ser utilizadas na alimentação dos animais.

Daí a proposta de verificarmos quais consórcios de culturas, sistema agrossilvipastoril ou sistemas de interação lavoura-indústria-pecuária melhor se adéquem à caatinga e aos jumentos.

Um consórcio de culturas nessas condições seria o suficiente para manter os jumentos sem a necessidade de aquisição de forragens e rações de fora. Porém, apenas esse sistema não seria suficiente para arcar com outros custos, quais sejam o pagamento do preço da terra, os custos com mão de obra, compra de sementes, possíveis despesas veterinárias, etc.

Atualmente sabemos que a maioria dos santuários se depara com o mesmo problema: são sumidouros de recursos. Santuários dão abrigos a animais, os alimentam, os medicam, pagam seus funcionários e tudo isso com a boa intenção e os recursos próprios de seus mantenedores; são, portanto, instituições que prestam na maior parte das vezes um grande serviço, mas com alta dependência de voluntários e doadores.

A maior parte dos santuários não se especializou em um tipo de fauna, nem pratica alguma forma de manejo integrado dos animais, e por mais que seus mantenedores tenham conhecimento sobre as técnicas mais adequadas de manejo, o fato de serem poucos santuários para uma grande quantidade de animais justifica tais ações. Santuários têm funcionado mais como abrigos de animais do que como santuários propriamente ditos.

Uma das principais falhas dos santuários de animais no Brasil é a concentração maior de seus recursos na aquisição da terra e outros passivos.

Passivos são todos aqueles bens que consomem recursos, enquanto que ativos são os bens que geram recursos. Para exemplificar de forma breve, a posse de um terreno pode ser um ativo ou um passivo. Se a entidade se instala nesse terreno e ele não lhe gera nenhum recurso, pelo contrário os consome, o terreno será um passivo. Se a entidade possui o terreno e o aluga, ou com ele gera alguma renda, o terreno funciona como um ativo.

Outro fator que desfavorece os atuais abrigos e santuários de animais no Brasil é que os mesmos, muitas vezes, não se especializam em determinados grupos de animais. A especialização facilita o manejo e contribui bastante para potencializar a manutenção dos animais.

Além disso, os recursos para manutenção dos animais invariavelmente necessitam ser adquiridos de terceiros e quase nunca são produzidos na própria propriedade, dificultando bastante a busca pela sustentabilidade.

Consórcios de culturas:

Consiste em uma técnica de cultivo de diferentes espécies vegetais em uma mesma área ao mesmo tempo, potencializando o aproveitamento dos recursos do solo, mantendo e melhorando suas propriedades. O plantio e a colheita dos diferentes cultivos podem ser no mesmo dia ou escalonado.

Várias são as formas de se consorciar lavouras, com diferentes vantagens para a produção, principalmente a médio e longo prazo. Nesse caso, a escolha das espécies deve obedecer a certos critérios, mas já há sistemas bem conhecidos comprovando vantagens para todas as espécies envolvidas.

O milho é um alimento importante para a manutenção de várias criações animais, além do próprio ser humano. Além do próprio grão, a planta e a palha podem ser aproveitadas como forragem.

Cultivar o milho consorciado a outros vegetais, especialmente aqueles da família das leguminosas (consórcio milho-leguminosas), que tem a capacidade de fixar o nitrogênio. Daí serem comuns às roças que consorciam o milho aos diferentes tipos de feijões, à soja, ao amendoim, à crotalária, e outros.

Nos casos de santuários de animais que pastam, há possibilidade de que o milho e a leguminosa sejam consorciados com capim braquiária (consórcio milho-braquiária).

Em outras situações, o consórcio milho-leguminosa pode ainda integrar uma plantação de mandiocas ou de bananas, formando consórcios mais complexos, sendo que os animais se beneficiam nas sobras de todas essas culturas.

Sistema agrossilvipastoril:

Nesse sistema as árvores agem como quebra-vento, mantendo a umidade do solo, aumentando a fixação e ciclagem de nutrientes, restaurando as propriedades químicas, físicas e microbiológicas do solo, melhorando a qualidade da cultura agrícola ou pasto e proporcionando sombra aos animais. Um santuário de animais teria muito que se beneficiar com a implantação de tal sistema.

Dependendo da escolha de árvores a serem cultivadas, essas poderiam ser fornecedoras de madeira ou outros produtos florestais não madeireiros (resinas, látex, gomas, fibras, cipós, óleos essenciais, sementes, frutas, bagas, castanhas, nozes, temperos, plantas ornamentais, plantas medicinais, tinturas, taninos, rattan, bambu etc.), funcionando como importante fonte de renda para o santuário.

Um sistema agro florestal tradicional existente no centro-sul do Paraná é o sistema faxinal, onde as terras são divididas em dois grandes e diferentes grupos:

No primeiro grupo estão as áreas de uso privado das famílias, destinadas às plantações de produtos agrícolas como feijão, mandioca, batata-doce, amendoim, milho e centeio entre outras, tanto para subsistência quanto para venda de excedentes.

No segundo grupo estão as terras comuns à comunidade, espaço contínuo e sem divisões por onde circulam os animais de todas as famílias, se misturando. Nessas áreas também são plantadas árvores que servem aos propósitos da comunidade, especialmente araucárias, que fornecem madeira e pinhão, e erva-mate.

Bibliografia:

  1. Manual de Vigilância de Zoonoses de Equídeos do Estado de São Paulo. Vol. I São Paulo, 2010

  2. FERREIRA, Giancalo Martins. Fmvz- UNESP

  3. Manual de Boas Práticas de Manejo em Equinocultura. UFSC/MAPA. Brasília, 2017

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